Funcionário que matou patrão esfaqueado em confraternização de fim de ano é absolvido
05/12/2025
(Foto: Reprodução) Funcionário suspeito pela morte do patrão em festa de fim de ano da empresa é solto
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais absolveu Eliandro Bastos, de 36 anos, acusado de matar o empresário Kerli Fabrício durante uma confraternização de fim de ano em dezembro de 2024, em Cláudio. A decisão é de setembro, mas o conteúdo da sentença não foi divulgado porque o processo tramita em segredo de justiça.
Eliandro está em liberdade desde janeiro deste ano, quando deixou o Presídio Floramar, em Divinópolis, após receber o alvará de soltura.
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Ao g1, a defesa de Eliandro afirma que a absolvição ocorreu após a análise das provas e depoimentos reunidos ao longo da investigação. Segundo o advogado Pedro Henrique Oliveira Bispo dos Santos, tanto o Ministério Público quanto a defesa se manifestaram pela absolvição, e o juiz entendeu que Eliandro agiu em legítima defesa.
Ele reforçou que, por causa do sigilo, não pode explicar o teor da sentença, mas disse acreditar que o entendimento será mantido na 2ª instância.
"O processo ainda tramita sob o pálio do segredo de justiça, aguardando os trâmites recursais. A defesa acredita em sua inocência e na verdade dos fatos expostos no processo, bem como acredita que a justiça da absolvição pelo reconhecimento da legítima defesa será mantida em 2ª Instância", concluiu.
Já a família de Kerli recebeu a decisão com outra expectativa. O advogado Gabriel Melo Vieira, que representa os parentes do empresário, afirmou confiar que o TJMG “fará justiça, como lhe é de costume”.
Vieira reforçou que, por causa do segredo de justiça e da seriedade do caso, eventuais manifestações serão feitas somente nos autos e em notas oficiais.
Relembre o caso
Funcionário Eliandro e o empresário Kerli em foto publicada das redes sociais da empresa em 2022
Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em um sábado, no dia 21 de dezembro de 2024, quando Eliandro e Kerli discutiram durante a confraternização da empresa, segundo a Polícia Militar (PM).
Kerli teria dito ao funcionário que ele seria demitido da Metal Polo Aramados e Montagem por ser considerado um “funcionário muito caro”. Eliandro era o empregado mais antigo da empresa.
Ainda segundo a PM, já do lado de fora, na portaria social da empresa, Eliandro atingiu o empresário com três facadas. Kerli foi socorrido, mas morreu no Pronto Atendimento Municipal.
Na época, a empresa afirmou que não havia “explicação lógica” para o crime, já que patrão e funcionário eram amigos e Eliandro trabalhava havia muitos anos no local.
“O caso ocorreu após a confraternização e do lado de fora da empresa, na portaria social. Não há uma explicação lógica para o ocorrido, pois infrator e vítima eram amigos e o infrator era o funcionário mais velho da empresa, que está evoluindo significativamente, inclusive, mudou de galpão há pouco mais de um mês”, informou a empresa.
Após esfaquear o patrão, Eliandro fugiu e pediu ao irmão que acionasse a polícia porque queria se entregar. Ele foi encontrado pelos militares e preso. A Polícia Civil registrou o caso como homicídio qualificado por motivo fútil — quando o motivo do crime é considerado desproporcional ou banal.
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Como a defesa explicou a legítima defesa
Em janeiro deste ano, o advogado Pedro Bispo já havia explicado ao g1 a tese da defesa. Na época, ele informou que Eliandro havia sido indiciado pela Polícia Civil por homicídio qualificado por motivo fútil, mas que a defesa sustentava a versão de legítima defesa.
Segundo Bispo, após a confraternização, Eliandro teria sido trancado dentro da empresa pelo patrão e fugiu correndo. Ele afirmou que Kerli o alcançou do lado de fora e o arrastou até a portaria social, onde ocorreram as facadas.
“A faca usada no crime estava no local, e ele teria pegado e escondido o objeto para se proteger. Não existem provas de que ele tenha planejado ou desejado matar o patrão. A conduta foi uma reação ao que ele enfrentava naquele momento”, disse o advogado.
Bispo também explicou que a soltura de Eliandro ocorreu após pedido da defesa, que recebeu parecer favorável do Ministério Público.
“O inquérito foi concluído, e, em seguida, entrei com o pedido de revogação da prisão preventiva. No mesmo dia, o Ministério Público se manifestou favoravelmente, considerando a ausência de motivos para que ele continuasse preso. O juiz então decidiu pela soltura e expediu o alvará”, afirmou.
Faca utilizada no crime foi apreendida
PM/Divulgação
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