'Intolerância, falta de amor com o próximo', diz motorista de caminhão de lixo que viu gari ser baleado em BH
13/08/2025
(Foto: Reprodução) Motorista de caminhão de lixo relata assassinato de gari baleado por empresário
Eledias Aparecida Rodrigues dirigia o caminhão de lixo em que o gari Laudemir de Souza Fernandes trabalhava quando foi morto pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, na última segunda-feira (11), no bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte. Durante o enterro da vítima, na tarde desta terça (12), a motorista lembrou os últimos momentos de vida do colega.
"Não teve discussão, não teve calor nenhum de briga para chegar a esse ponto. Eu vejo intolerância, falta de amor com o próximo, e foi horrível", disse a mulher.
Laudemir tinha 44 anos e foi baleado após o suspeito do crime, de 47 anos, exigir que o veículo de coleta desse espaço para que ele passasse com seu carro. Depois de ameaçar a motorista do caminhão, o empresário desceu do automóvel e disparou contra os trabalhadores a serviço de uma terceirizada da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), atingindo o gari.
"A gente estava agilizando o trânsito. Ele [o suspeito] se irritou porque o trânsito ficou agarrado e não poderia passar no momento que ele queria, porque o carro dele é um carro grande. Os carros populares menores passaram e ele teve que esperar", completou a motorista.
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Suspeito identificado por testemunhas e imagens de câmeras
A vítima foi socorrida pela Polícia Militar e levada em uma viatura para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. A partir de imagens de câmera de segurança e relatos de testemunhas, PMs identificaram e prenderam o empresário horas depois na entrada de uma academia, na Avenida Raja Gabaglia, no bairro Estoril.
De acordo com a Polícia Civil, Renê da Silva Nogueira Júnior teve a prisão ratificada pelos crimes de ameaça e homicídio qualificado por motivo fútil, com recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima. Após prestar depoimento, ele foi encaminhado ao sistema prisional.
Suspeito é casado com delegada
O empressário Renê da Silva Nogueira Júnior, casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, foi preso suspeito de atirar e matar o gari Laudemir de Souza Fernandes
Reprodução/Redes sociais
Segundo o boletim de ocorrência registrado às 17h40 no dia 11 de agosto, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior negou o crime, mas afirmou que a esposa dele, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, tinha armas em casa.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (12), a polícia informou que a delegada foi levada até a sede da Corregedoria, onde foi ouvida. Dois armamentos foram recolhidos no apartamento do casal: um revólver de uso particular e uma pistola institucional.
"A arma de fogo de uso particular está vinculada e apreendida aos autos do inquérito policial, que investiga o crime de homicídio, e a arma institucional está vinculada ao inquérito policial que foi instaurado na corregedoria para apuração de eventual infração por parte da servidora", afirmou Saulo Castro, delegado e porta-voz da Polícia Civil.
Ainda conforme a instituição, um inquérito foi aberto para apurar se houve omissão de cautela e prevaricação por parte da delegada. No entanto, ela segue na função mesmo sendo investigada pelo suposto uso de arma pelo marido, porque, até o presente momento, "não há indicação para afastamento".
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Infográfico: Entenda caso de gari morto por empresário em BH
g1
Eledias Aparecida Rodrigues dirigia o caminhão de lixo em que o gari Laudemir de Souza Fernandes trabalhava quando foi morto pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior
Reprodução/TV Globo