Taxação de 50% anunciada por Trump preocupa produtores de café do Sul de Minas; entenda
10/07/2025
(Foto: Reprodução) A decisão tem gerado apreensão entre produtores e cooperativas da região, já que os Estados Unidos são um dos principais destinos do café brasileiro. Taxação de 50% anunciada por Trump preocupa produtores de café do Sul de Minas
Produtores de café estão quase na metade da colheita no Sul de Minas, principal região produtora do país, mas a notícia que mais preocupa o setor nesta semana não está nas lavouras. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados, incluindo o café, medida que deve entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
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A decisão tem gerado apreensão entre produtores e cooperativas da região, já que os Estados Unidos são um dos principais destinos do café brasileiro. De acordo com o Ministério da Agricultura, o grão está entre os produtos mais exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano, ficando atrás apenas de itens do setor florestal, como madeiras.
De acordo com a Cooxupé, maior cooperativa de café do país, com sede em Guaxupé (MG), 45,4% dos grãos já haviam sido colhidos até o último dia 4 de julho. Mas o ritmo da colheita varia bastante conforme a região, como explica Caio Sérgio Santos e Oliveira, engenheiro agrônomo e gerente regional do sistema Faemg-Senar.
grão de café; lavoura; Sul de Minas
Tarcisio Silva/EPTV
“Estamos no momento crucial da cultura cafeeira, que é a colheita. Em média, cerca de 40% das lavouras já foram colhidas em Minas Gerais. No entanto, o ritmo está um pouco desigual. Regiões de menor altitude, como Alto Paranaíba e Cerrado, estão mais adiantadas, com até 50% da colheita. Já no Sul de Minas, temos áreas com apenas 25% a 30% colhidas até o momento”, afirma.
Ainda segundo o especialista, fatores climáticos afetaram o desenvolvimento dos grãos este ano. “O impacto climático de 2024 resultou em rendimento menor. Estamos apurando uma média de 550 a 600 litros para se obter uma saca de café beneficiado. O grão está um pouco menor, a peneira está menor, então ainda é cedo para estimar a produção total, mas deve ficar um pouco abaixo da expectativa inicial”, explica.
Com relação à nova taxação imposta pelos Estados Unidos, Caio Sérgio afirma que a medida tende a impactar toda a cadeia produtiva da cafeicultura, embora os efeitos ainda sejam incertos.
“É uma cadeia muito extensa e essa taxação vai impactar todos os elos. Alguns serão mais afetados, outros menos. Acreditamos que os dois principais impactos serão o possível aumento de preço para o consumidor final e a elevação no custo dos insumos para o produtor rural. Ainda é cedo para mensurar o tamanho desse impacto, mas a expectativa não é boa para o setor”, diz.
Apesar da preocupação com os custos e com a rentabilidade, o agrônomo acredita que a demanda pelo café brasileiro deve continuar firme. “A taxação não deve interferir muito na demanda. O consumo segue crescendo e, apesar de os preços não estarem no melhor momento, ainda estão satisfatórios para o produtor rural”, conclui.
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