Trilheiros percorrem quase mil quilômetros em 77 dias de expedição inédita entre MG e SP: 'pés e joelhos castigados'

  • 27/07/2025
(Foto: Reprodução)
Vídeos mostram momentos da expedição pela Trilha da Transmantiqueira Com mochila nas costas, botas gastas por outras longas caminhadas e espírito resiliente, o coronel da reserva do Exército e biólogo Luiz Aragão, junto o companheiro de expedição Rannier Barata, é o primeiro a concluir a expedição de 77 dias pela Trilha Transmantiqueira (TMTQ), que percorreu 970 km entre Minas Gerais e São Paulo. O trajeto começou em abril em São Paulo e terminou no Parque Estadual do Ibitipoca. Quinze caminhantes participaram do desafio, mas, ao final, somente dois deles fizeram o trajeto completo que terminou na Janela do Céu, na área de conservação do município de Lima Duarte, na Zona da Mata mineira. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Além de simbólica, a expedição inicial visou mapear, registrar e sugerir logísticas de apoio para consolidar a Transmantiqueira como um dos maiores corredores ecológicos caminháveis do Brasil. Expedição de 77 dias pela Trilha Transmantiqueira percorreu 970 km entre São Paulo e Minas Gerais Luiz Aragão/ Arquivo pessoal Uma trilha, muitos desafios Criado em 2018, a Transmantiqueira é uma trilha de longo curso (TLC) com mais de 1.200 km de extensão que atravessa mais de 40 municípios em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Após sete meses de planejamento com mapas e reuniões virtuais, Luiz Aragão, de 59 anos, reuniu sete voluntários e lançou um convite público para a expedição. O objetivo era testar o traçado da trilha e propor uma nova logística para a Transmantiqueira. No dia 25 de abril, três pessoas chegaram ao Horto Florestal, em São Paulo - duas delas de Porto Alegre e uma de Pouso Alegre. Nenhuma fazia parte da equipe de voluntários da TMTQ, mas isso não impediu a caminhada. Aos poucos, a trilha reuniu participantes de diferentes regiões e, ao todo, 15 trilheiros integraram algumas partes do percurso. “Quem realmente completou até o final, chegando comigo em Ibitipoca após 77 dias de caminhada por 970 km, foi o Rannier”, contou Luiz se referindo ao guia de trekking, de 36 anos, que tirou dois meses de férias para participar da expedição. "Na maioria do tempo estivemos com mais alguém nos acompanhando, fosse por um dia ou umas semanas. Brincamos bastante um com os outros. E olha que ninguém se conhecia pessoalmente. Fomos nos ver 'ao vivo' no quilômetro zero da trilha e nunca tínhamos caminhado um metro sequer em grupo. Tudo foi combinado pela internet", conta Luiz sobre dividir a trilha com outras pessoas. Entre rios, matas e neblinas, a caminhada exigiu mais do que preparo físico. Segundo ele, foi necessário conhecimento técnico para lidar com os equipamentos e equilíbrio emocional para enfrentar o cansaço e as dificuldades do trajeto. “Essa é uma atividade que exige preparo físico, claro, já que os joelhos e pés vão ser castigados, mas principalmente mental. A trilha te testa o tempo todo: de enxame de marimbondos, encontro com serpentes, a tempestades com ventos fortíssimos em cima da serra, de trilhas apagadas a vacas bravas”. Luiz e Rannier passaram pela Serra do Lopo, entre Extrema/MG e Joanópolis/SP e Vargem/SP durante expedição Luiz Aragão/ Arquivo pessoal Ainda conforme o trilheiro, a falta de informações sobre mais da metade da trilha o obrigou ao improviso, buscando locais para dormir e coletar água, identificando os melhores desvios e acompanhando a previsão do tempo - confiando na experiência e na leitura do terreno para seguir adiante. “Você precisa estar afiado. Saber consertar seu próprio equipamento, interpretar nuvens, entender o relevo. Mais do que um corpo forte, é preciso uma cabeça preparada". Chegada com surpresa em Ibitipoca Luiz Aragão e Rannier chegaram em Ibitipoca depois de mais de dois meses na trilha Luiz Aragão/ Arquivo pessoal Após mais de dois meses, a dupla chegou ao Parque Estadual de Ibitipoca, no dia 10 de julho. Lá, recebeu uma recepção surpresa da equipe do parque, de representantes da Rede Brasileira de Trilhas e de familiares, que comemoraram o fim da jornada. “Tudo foi uma grata surpresa, pois não sabíamos que haveria uma ‘cerimônia’ na chegada. O Parque Estadual do Ibitipoca é um local mágico. Ao rever agora o parque, percebi que ele continua muito bem cuidado e isso foi uma alegria. O local do quilômetro final da trilha, a Janela do Céu, é espetacular. Merece ser conhecido por todo mineiro, quiçá todo brasileiro". Mesmo cansado pelos dias e dias de percurso, o coronel já proteja o próximo desafio. “Farei 60 anos daqui a seis meses e ainda tenho muitos quilômetros pela frente.” Para ele, trilhas, como a Transmantiqueira, são oportunidades de fomentar a economia local, promover conservação ambiental e resgatar o vínculo do brasileiro com as montanhas. Por isso, a ideia é fazer uma expedição todo ano com grupos. “Mas a iniciativa da Grande Trilha do Brasil, unindo a Mantiqueira com o Espinhaço, continua aqui nas minhas anotações. Esses projetos nos fazem conhecer um Brasil que não se vê da janela do carro. E o melhor: nos reconectam com nós mesmos.” LEIA TAMBÉM 'Da altura de um prédio de 22 andares': pesquisador da UFV descreve emoção ao descobrir maior jequitibá-rosa do Brasil Temperaturas de -25°C, ondas gigantes e nevascas: pesquisadores de MG concluem expedição sobre mudanças climáticas na Antártica VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/07/27/trilheiros-percorrem-quase-mil-quilometros-em-77-dias-de-expedicao-inedita-entre-mg-e-sp-pes-e-joelhos-castigados.ghtml


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